Laura entrou no banheiro, sentou-se no vaso e, ao olhar para o lado, encontrou um objeto. O tal objeto, diga-se, um pequeno pacote, continha um pó branco que ela, infelizmente, conhecia desde a sua adolescência. Cheirou, levou à boca, esfregou na gengiva. Saiu às pressas dali; sem pensar muito, pegou o celular e fez uma ligação. Laura não fazia ideia, mas havia traçado o seu destino.
– Oi, Laurinha… quanto tempo. O que manda?
– Fala, Bigode; tu nem acredita! Achei no banheiro da faculdade um punhado de maisena.
– Como assim? Tu voltou pra guerra?
– Claro que não, porra! Achei o pó… tô te falando… Larguei de vez. Preciso de grana e só tu pode me ajudar e, ainda, faturar algum. Topas?
– Tô dentro!
O coitado que perdeu o pacote devia estar enlouquecido, mas não poderia sequer anunciar a sua perda. Enfim, danou-se e Laura se deu muito bem! Ao chegar em casa foi logo pesando e ficou quase tonta… 350 gramas! Bigode havia lhe dito que um sacolé com uma grama estaria por volta de vinte ou trinta pratas, dependendo do público-alvo.
Dia, hora e local marcados, lá se foi Laurinha encontrar Bigode. Seria rápido… entrega e recebe a grana. Ele havia exigido sessenta por cento, até porque o mais perigoso era a distribuição. Fechado, disse ela, sem negociar. Estava ótimo! – Veio de graça mesmo.
Estacionou seu carro um pouco afastado do pé do morro, desceu e percorreu o mesmo caminho que já havia feito outras tantas vezes, só que, agora, ela seria a vendedora.
Bigode tinha o seu ponto bem próximo ao asfalto, até para facilitar para a sua freguesia… nem precisava subir muito! Mas, até por isso, os riscos eram maiores, porque ali, quase dentro da cidade, não havia “fogueteiros”. Enfim, qual o negócio que não oferece os seus riscos? Mas ele trabalhava com hora marcada; não havia tumulto.
Laura, segura de si e feliz, foi se aproximando despreocupada, quando, do nada, surgiram uns dez policiais:
– Perdeu, deita no chão!
Ainda deitada e já algemada, viu Bigode sendo conduzido para a viatura.
