A MISSÃO DOS PEIXINHOS DO CORAL AZUL

No fundo do mar, muito além do que os olhos humanos conseguem ver, existia um lugar mágico chamado Coral Azul. As águas eram mornas e cheias de brilhos dançantes. As algas ondulavam como fitas coloridas, e cardumes inteiros passavam em silêncio, como se contassem segredos antigos do oceano.

Ali viviam peixinhos de todas as cores: vermelhos como rubis, azuis como o céu, amarelos brilhantes como o sol. Cada um tinha um talento especial, e entre eles estavam três amigos inseparáveis.

Lia, a peixinha-luz, iluminava tudo ao redor com sua lanterninha natural na cabeça. Ela era curiosa e sempre observava os detalhes que ninguém mais via.

Tico, o peixe-palhaço, tinha o riso fácil e adorava transformar medo em gargalhada. Nenhuma criatura do mar conseguia ficar triste perto dele.

Bento, um peixe-espada pequeno, mas veloz como um raio, era destemido e sempre o primeiro a se arriscar quando alguém precisava de ajuda.

Certa manhã, enquanto brincavam de se esconder entre as anêmonas macias, ouviram um chorinho baixinho. Era um som tão triste que parecia tremer na água.

– Vocês ouviram isso? – sussurrou Lia, acendendo sua luz.

Guiados pelo brilho suave, nadaram até uma grande rocha coberta de algas que dançavam com a correnteza. Atrás dela encontraram uma tartaruguinha presa.

– Eu… me chamo Tuli… – soluçou ela. – Fiquei presa aqui procurando meu irmão. Agora tenho medo de não o encontrar nunca mais…   

Lia iluminou o local com cuidado. Tico fez uma careta tão engraçada que até uma estrela-do-mar soltou um borbulho de riso. Mas a rocha era pesada demais para mexer.

– Deixa comigo! – disse Bento, balançando a cauda com determinação.

Ele nadou para trás, tomou impulso e… ZUUUM!

Sua espadada certeira quebrou a rocha em pedacinhos brilhantes.

Tuli estava livre!

Mas o alívio durou pouco.

Tulo, seu irmão, ainda estava desaparecido no mar escuro.

Os quatro iniciaram a busca.

Lia iluminava os caminhos, fazendo as algas cintilarem como se fossem lanternas naturais.

Tico contava piadas e bobagens para espantar o medo que às vezes apertava o coração de Tuli.

Bento nadava à frente, abrindo caminho entre corais altos e cavernas misteriosas.

E Tuli tentava lembrar por onde havia passado antes de se perder.

De repente, um toc-toc-toc metálico ecoou pela água. Era um som estranho, diferente de tudo que costumavam ouvir no Coral Azul.

– Parece vir dali, disse Lia, apontando com o brilho.

Eles seguiram o barulho até um casco velho de navio, coberto de conchas, musgo e correntes enferrujadas. O som metálico vinha lá de dentro.

E lá estava Tulo, preso, batendo sem querer em uma parte solta do casco. O barulho era tão alto que ele nem ouvia os chamados da irmã.

Para resgatá-lo, todos trabalharam juntos.

Lia iluminou o interior escuro, revelando um emaranhado de tábuas quebradas.

Tico distraiu uma moreia que observava tudo com cara desconfiada.

Tuli chamou o irmão com carinho, acalmando-o.

E Bento fez pequenos cortes precisos no casco até abrir uma passagem segura.

Tulo saiu nadando rápido, tremendo um pouquinho, mas muito aliviado. Ele abraçou a irmã com suas pequenas nadadeiras.

– Obrigado, amigos! Vocês salvaram a gente!

Os peixinhos do Coral Azul celebraram nadando em círculos alegres, criando bolhas brilhantes que subiam até a superfície. A corrente marinha levou as bolhas para longe e o oceano comemorou.

Lia, Tico e Bento aprenderam que, no fundo do mar, cada talento importa, e que juntos podiam enfrentar qualquer rocha, casco de navio ou escuridão.

E desde aquele dia, todos no Coral Azul ficaram sabendo que,
se um peixinho estiver em apuros, os amigos do Coral Azul estarão sempre lá para ajudar.

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