CUBA – EU TAMBÉM JÁ ESTIVE LÁ

         Em julho 2002, durante 15 dias e por motivos profissionais, estive novamente em Cuba. Essa foi a quarta vez que visitei esse país, e sempre por conta da esgrima, esporte que pratiquei durante muitos anos.

Embora por pouco tempo, convivi intensamente com diversas pessoas comuns, alguns já amigos e outros novos amigos. E o que vi, ouvi e percebi merecem esse depoimento.

         Pois bem. O povo, uma feliz mistura principalmente do nativo, do espanhol, do americano e do negro africano, gerou uma gente de gostosa E convivência. São caribenhos, e isso, por si só, já os identifica como pessoas muito alegres. Porém, e ao meu sentir, a alegria, uma característica típica da região, nada tem a ver com felicidade. Não sei dizer, e penso que ninguém sabe, como seria Cuba e seu povo acaso não houvesse ocorrido o “triunfo”  – a Revolução de Fidel. Além de alegres são razoavelmente instruídos, gozam de boa saúde, não há miséria, mas sim, pobreza, com exceção dos poucos da esfera dominante, como em qualquer outro regime socialista que se teve notícias.

         Havana, uma mescla de cidade histórica com arquitetura espanhola em sua dominância que os cubanos gostariam e não conseguem conservar, e de cidade comum, pós-revolução, sem pompa, com alguns raros prédios algo modernos e alguns bons hotéis das redes internacionais. O comércio, ora, óbvio que não existe ou melhor, existe, mas para os turistas estrangeiros. O trânsito, uma tranquilidade, não pela sua organização, mas porque pouquíssimos veículos lá trafegam já que o cubano não possui poder de compra para tanto, tampouco possui direito à propriedade. Os bons veículos da capital são del gobierno. Os demais, de fabricação americana ou russa, muito antigos, de poucos cubanos afortunados que, por seus próprios méritos – oficiais ou não, conseguiram possuí-los (posse), mas não a propriedade.                               

O povo, como disse, é muito alegre, mas estão cansados, muito cansados! Isso é perceptível a olhos vistos. Os mais velhos perderam suas forças, ou melhor, foi-lhes arrancada. Não reagem, estão vivendo, levando. Os mais jovens estão revoltados! Não aceitam a força dirigente da sociedade e do Estado, ou seja, o Partido Comunista de Cuba, marxista-leninista. Enfim, os jovens cubanos querem falar, consumir, ir e vir livremente, mas não podem.

Artigo 53 da Constituição da República de Cuba: Se reconhece aos cidadãos cubanos liberdade de palavra e imprensa conforme os fins da sociedade socialista. (…) A lei regula o exercício dessas liberdades.” 

         Assim é Cuba. Este é, ao meu ver, o seu retrato. Um homem, repito, apenas um homem foi capaz de conduzir com mãos deletérias o infeliz destino de cerca de 11 milhões de habitantes, além de alguns outros milhões de refugiados pois, sem liberdade, a vida, o bem maior, perde o seu significado.

El comandante já se foi, mas, ainda hoje, o país e seu destino político seguem em semelhante toada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *